quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

G-Bissau: o país de todos os golpes

Guinea-Bissau's government has said it will set up a commission of enquiry into a foiled coup attempt two days
earlier which was followed by clashes that left at least two dead.

The announcement came as Jean Ping, chairman of the African Union, arrived in the west African country on Wednesday for talks and called the situation "a source of concern" for the AU.

"Directions have been given for the creation of a commission of enquiry to shed light on the situation and identify those responsible," a government statement said.

Ping said: "In light of my different meetings I think that the situation has now normalised."

He said he was "optimistic" as he left the country for Banjul, Gambia.

"Dialogue must be maintained between authorities, politicians, civilians and soldiers so that together, they can maintain peace, stability and national harmony," Ping said.

Guinea-Bissau's army chief, Antonio Indjai, announced on Monday that a coup attempt by a group of renegade soldiers who attacked army headquarters had been foiled.

History of coups

The former Portuguese colony is chronically unstable, with a history of coups and army mutinies which has made it a stomping ground for drug cartels who use it as a hub to traffic drugs to Europe.

The coup attempt came while ailing President Malam Bacai Sanha, 64, remained in a Paris hospital where he has been receiving treatment for an unknown condition since late November.
Fighting erupted between two factions of Guinea Bissau's armed forces early on Monday, forcing the prime minister to seek refuge at a foreign embassy.

Residents said automatic weapons and rocket fire could be heard at the Santa Luzia army base in the capital, Bissau, but no casualties have been reported.

"Apparently, it is friction between the army chief and the head of the navy," a Bissau-based diplomat said.

Indjai, Guinea-Bissau's army chief, said on Monday that the army and the government of Carlos Gomes Junior, the prime minister, were in control of the situation.

A Guinea-Bissau security source said the fighting broke out after Indjai was arrested on the orders of the head of the navy, Na Tchuto Bubo, but was later freed by his troops.

Indjai said authorities arrested Bubo in connection with the incident, but Bubo disputed the claim.

"For a week now, I have been spending nights at my home, not at the barracks. I was informed of the situation, I had no idea what is going on," Bubo said.

Past coups

Since independence from Portugal in 1974, Guinea-Bissau has been beset by a series of coups, military revolts and political assassinations.

The country's former president, Joao Bernardo "Nino" Vieira, was assassinated on March 2, 2009, hours after the head of the army was killed in a bomb explosion.

Less than a year later, mutinous soldiers seized the head of the armed forces and placed the prime minister under house arrest in an apparent coup attempt.

International drug trafficking networks have also taken advantage of the weak government and corruption to turn the country, whose main legal export is cashew nuts, into one of West Africa's transit points for Latin American cocaine headed to Europe.

The nation sits at the bottom of most economic and health indices, as the majority of people live without electricity or clean running water.

There are few job opportunities for young people and the average life expectancy is just 46 years.

Source: Agencies
Al Jazeera

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A previsível conjura na Guiné-Bissau

Bubo Na Tchuto, Chefe do Estado-Maior da Armada da Guiné-Bissau, Watna na Lai, ex-Chefe de Estado- Maior do Exército, Cletche Na Ghana, ex-Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tchipa na Bidun, recentemente nomeado para a DINFOSEMIL (serviços secretos militares), e Augusto Mário Có, vulgo «Capacete de Ferro», foram ontem detidos na Guiné-Bissau sob a acusação de tentativa de Golpe de Estado.
A Guiné-Bissau é o país da esperança adiada, conforme já há oito meses escrevi.
Quando em Fevereiro do ano 2000 Kumba Yalá Kobde Nhanca, líder do Partido da Renovação Social (PRS), tomou posse como Presidente da República da Guiné-Bissau, alguns julgaram precipitadamente que terminara a era do PAIGC, que em 24 de Setembro de 1973 proclamara unilateralmente a independência.
Kumba batera por larga margem o então Presidente interino Malam Bacai Sanhá, mas o seu mandato não chegou ao fim, encontrando-se ele hoje em dia exilado no Reino de Marrocos, enquanto Sanhá é o Presidente, eleito há perto de dois anos.
O PRS vencera as legislativas de Novembro de 1999, mas a sua passagem pelo poder foi efémera; e no último acto do género efectuado no pequeno país já o Partido da Renovação Social não conseguiu mais do que 25,3 por cento dos votos, face aos 49,8 do velho Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), criado por Amílcar e Luís Cabral.
Aquilo que há 11 anos se julgava um marco na vida dos guineenses, a entrada em funções de um Presidente e de um Governo não saídos do PAIGC, foi apenas uma fase transitória; e hoje em dia o primeiro-ministro é mais uma vez o actual líder do partido dos Cabrais, Carlos Gomes Júnior.
Luís Cabral, primeiro Presidente, filho de um cabo-verdiano e de uma portuguesa, foi derrubado em 1980 por um guineense de etnia papel, João Bernardo Vieira, que por duas vezes viria a ser violentamente afastado do poder, respectivamente em 1999 e em 2009. Da última foi mesmo barbaramente assassinado.
Depois das esperanças de 1999 e de 2000 de que alguma coisa estaria a mudar na Guiné-Bissau, veio a triste realidade de que nada mudou substancialmente, devido à inexistência de condições objectivas para uma melhor governação.
A realização de eleições presidenciais e legislativas tem sido ali uma simples panaceia, conforme muito bem afirmou o sociólogo guineense Carlos Lopes, pertencente aos quadros superiores das Nações Unidas.
Ainda não se realizaram reformas profundas, não se desmantelou o enorme aparelho de segurança e não se fez justiça, de modo que não houve democratização. Nem em 1999, nem em 2000 nem em 2009.
O país, de 36.125 quilómetros quadrados, continou subdesenvolvido e, em última instância, à mercê dos militares saídos da estrutura de guerrilha que alcançou a independência mas não conseguiu adaptar-se aos novos tempos e garantir um futuro pacífico.
Os duros militares guineenses conseguiram derrotar as Forças Armadas Portuguesas, forçaram o saneamento dos cabo-verdianos que chegaram a ocupar cargos ministeriais, derrotaram os senegaleses que em 1998/1999 intervieram na guerra civil, ao lado de João Bernardo Vieira, e continuaram renitentes a quaisquer tentativas de modernização e de submissão ao poder civil.
Entrementes, alguns desses militares, hoje em dia pessoas com bem mais de 50 anos, deixaram-se envolver em questões de tráfico, fosse ele de drogas ou de armas.
Por tudo isto aqui exposto, com um Presidente da República e um primeiro-ministro não inteiramente senhores de si, com um Procurador-Geral pouco efectivo, com oficiais das Forças Armadas eivados de vícios, estávamos absolutamente preparados para que da Guiné-Bissau nos chegassem a qualquer altura más notícias.
Os acontecimentos das últimas 48 horas surgiram no contexto da fragilidade das estruturas locais e de toda a instabilidade que se vive na região ocidental da África. Hoje como há dois anos.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A islamização da África Ocidental

The government's confused strategy has made little headway against the Boko Haram militia's shootings and bombings across northern Nigeria. The security services have turned the capital, Abuja, into an armed camp replete with spy cameras at major road junctions. On 13 December, President Goodluck Jonathan announced that the government would spend a staggering 921 billion naira (US$5.5 bn.) of the N4,749 bn. budget for 2012 on the armed forces and security services. This is a Boko Haram campaign bonanza for the generals and private security companies but the huge diversion of resources will not achieve its aims without a clear strategy to address the grievances that the militants exploit.
Throwing money and soldiers at Boko Haram may in the short term deter it from more spectacular attacks on landmark buildings in the capital but will do little to hold back operations from its base in north-eastern Nigeria. Well targeted attacks by the Islamist militants exacerbate the growing political and economic divide between the oil-rich south and the barren north. The national impact of this seems to have eluded policy-makers, who have failed to launch any political response to the militia's campaign, let alone provide education and other social services to ameliorate the often dire conditions in Boko Haram's home base.
Africa Confidential

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Deputados com grande falta de classe.

As palavras do deputado socialista Pedro Nuno de Oliveira Santos, licenciado em Economia, foram demonstrativas do baixo nível de uma parte da classe política existente neste país. Ao dizer que se estava "marimbando", como diria qualquer estivador ou peixeira, fez-nos lembrar de imediato a Opereta dos Vadios, na qual Francisco Moita Flores retratou há pouco a falta de classe de tantos dos que nas últimas décadas têm passado pelos partidos políticos portugueses.

Deputados com grande falta de classe.

As palavras do deputado socialista Pedro Nuno de Oliveira Santos, licenciado em Economia, foram demonstrativas do baixo nível de uma parte da classe política existente neste país. Ao dizer que se estava "marimbando", como diria qualquer estivador ou peixeira, fez-nos lembrar de imediato a Opereta dos Vadios, na qual Francisco Moita Flores retratou há pouco a falta de classe de tantos dos que nas últimas décadas têm passado pelos partidos políticos portugueses.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O ano em que Kadhafi caiu

Este período histórico em que nasceu o Sudão do Sul e em que três países árabes do Norte de África perderam os seus dirigentes de longa data merece bem uma reflexão, numa revista que tão apropriadamente se debruça sobre os problemas do além-mar, sobre as situações existentes fora da Europa. A fome imensa que atormenta as populações de uma série de Estados e as convulsões que se registam noutros dominaram a actualidade africana ao longo do ano que ora se aproxima do fim; mais um ano em que o continente ainda não conseguiu ultrapassar aquele atraso de desenvolvimento que desde há muitas décadas nele verificamos. Quer seja pelas sequelas da colonização a que há um século se encontrava sujeito, por parte dos europeus, quer seja por outros e múltiplos factores que não é fácil analisar no simples espaço de duas ou três páginas de uma qualquer publicação.
Digamos apenas que se colocou talvez demasiada esperança no alastrar a outras terras da dita Primavera Árabe que principiou nas ruas tunisinas e egípcias; para depois falarmos quase que esquematicamente de uma dúzia de casos ocorridos ao longo de 2011, a mero título exemplificativo; uma vez que por cada situação abordada há sempre cinco ou seis que ficam por mencionar. Temos bem a consciência das nossas limitações, quando desejamos passar em revista um determinado período da História.
Gostaríamos de acreditar que a África é o continente do século XXI e que os factores de optimismo existem; mas por vezes é difícil. Dizem-nos que os conflitos armados estão a diminuir e que os africanos tomam o destino nas suas próprias mãos, mas isso é muitas vezes mais a linguagem de políticos bem intencionados do que a percepção geral da maioria das pessoas.
Na prática, há velhas cobiças que renascem; e outras que aparecem, do Leste e do Ocidente, em relação à África, mãe da Humanidade, que nela nasceu há cerca de 200.000 anos. África que em 2050 contará com mais de um quinto da população mundial em idade de trabalhar.
Da Tunísia ao Egipto
Depois de afastado no mês de Janeiro o Presidente tunisino Ben Ali, realizaram-se em Outubro as eleições para uma Assembleia Constituinte, ganhas pelo partido islamista Ennadha. Um dos prémios Sakharov deste ano foi atribuído pelo Parlamento Europeu, a título póstumo, a Mohamed Bouazizi, que se imolou pelo fogo no dia 17 de Dezembro de 2010 em Sidi Bouzid, e morreu duas semanas mais tarde, num gesto que desencadeou o vasto movimento popular que levou à queda do ditador que sucedera a Habib Burguiba e à sua fuga para a Arábia Saudita.
Entretanto, a forma trágica como morreu em Outubro o coronel Muammar Khadafi e como o seu cadáver foi exibido manchou o que poderia ter sido a alvorada de um novo tempo, com muitas promessas de democratização. Depois, a notícia de que a Líbiase iria reger pela sharia, "a lei islâmica ideal", também não ajudou muito quem estava à espera de um Estado que seguisse padrões culturais mais próximos dos europeus, mais de acordo com os valores dominantes na França e no Reino Unido. Mas só o ano de 2012 é que irá dizer como é que se irá desenvolver o novo sistema político, que tão desejado foi pelos países da NATO, sem os quais nunca teria havido mudança de regime.
O que se teme é que, com dirigentes mais dóceis, empresas das Américas, da Europa e da Ásia possam procurar tirar maior proveito das enormes reservas petrolíferas líbias, que são as maiores de todo o continente africano. Isto num país sem coesão étnica, pois que se a norte tem árabes e berberes arabizados, com bolsas exclusivamente berberes, a sul tem tébus nómadas e semi-nómadas e a ocidente tuaregues. Um país que é constituído por três territórios bem distintos: a Tripolitânia, a Cirenaica e Fezzan.
Quanto ao Egipto, o Conselho Supremo das Forças Armadas, que substituiu o Presidente Hosni Mubarak, não tem conseguido impedir alguns actos de violência que são cometidos por agentes policiais, de modo que a esperança numa existência mais decente continua adiada.
Na África Ocidental
Depois de alguns meses de grande impasse, o Presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, conseguiu tomar posse, enquanto o seu antecessor, Laurent Gbagbo era, detido, ficando a aguardar julgamento. Ouattara é um economista liberal, antigo quadro superior do FMI, e conta com toda a simpatia do Presidente francês Nicolas Sarkozy, enquanto Gbagbo é um historiador socialista bem visto em círculos evangélicos norte-americanos. Estes últimos temem sobretudo o facto de Ouattara ser proveniente de uma família muçulmana, radicada desde há muito na zona de fronteira da Costa do Marfim com o Burkina Faso.
Por outro lado, em Julho, alguns militares da República da Guiné atacaram em Conacri a residência particular do Presidente Alpha Condé, que fora eleito em Novembro de 2010, depois de décadas à frente da oposição. Foram detidas 38 pessoas, na sequência desse atentado contra um político escolhido de forma livre e credível, mas que é diabético e tem dificuldade em andar sem assistência.
Condé está a tentar retirar o país de um ciclo brutal de violência e de submissão aos interesses do narcotráfico internacional, bem patentes tanto no seu território como no da vizinha Guiné-Bissau, que continua a ser um dos países menos desenvolvidos do mundo, sempre no temor de novos derramamentos de sangue.
África Austral
Herdeiro do velho reino do Zimbabwe e do Monomotapa, que do século XI ao XVII ia do curso médio do Zambeze até à sua foz, entre as actuais cidades de Quelimane e Beira, o país que existe desde 1980 no território que chegou a chamar-se Rodésia continua a ser dirigido desde essa altura por Robert Gabriel Mugabe, que em vez de Presidente da República mais se comporta como um antigo tirano. O cobre, o carvão, o ouro, o manganés e as pedras preciosas permitem perpetuar-se no poder, apesar de ter perdido as eleições de 2008, de cujos resultados fez tábua rasa, manietando o verdadeiro vencedor, Morgan Tsvangirai, com um lugar de primeiro-ministro com um espaço de manobra cada vez mais reduzido.
A clarificação do que se está a passar em solo zimbabweano deveria ser um dos nossos desejos para o próximo Natal, para que não se arrastem por mais tempo sistemas como os do Zimbabwe, da Guiné Equatorial ou da Eritreia, que são tudo menos democráticos.
Enquanto isso, imediatamente a norte, e quase sem o mundo dar por isso, Michael Chilufya Sata, da Frente Patriótica, passou a ser no dia 23 de Setembro Presidente da República da Zâmbia, tendo como vice-presidente Guy Scott, na sequência de eleições que lhe deram um mandato de cinco anos, com 43,3 por cento dos votos expressos, face aos 36,2 por cento do seu antecessor, Rupiah Banda. Este último só esteve três anos no poder, mas aceitou muito bem a derrota nas urnas, ao contrário do que acontecera na Costa do Marfim com Laurent Gbagbo. Sata destacara-se por ter denunciado a forma agressiva como a China está a entrar na África e a falta de respeito pelos trabalhadores em muitas das empresas chinesas instaladas no continente africano.
Do Sudão ao Quénia
A forma suave como o Sudão do Sul, em grande parte cristão, se conseguiu separar de Cartum foi um bom augúrio para os que acreditam na inevitabilidade de novas fronteiras africanas, mais adequadas a um continente cuja superfície é bem superior ao conjunto dos Estados Unidos, da Europa Ocidental, da China e da Índia. No fim de Junho, o Conselho de Segurança das Nações Unidas criou a Força de Segurança Interina para a região fronteiriça desmilitarizada de Abyei, de modo a garantir a segurança nessas terras ricas em petróleo que existem entre os dois Sudões. A UNISFA foi dotada de cerca de 4.000 militares e de 50 polícias.
O Presidente Omar al-Bashir, procurado em vão pelo Tribunal Penal Internacional, foi em visita oficial à China, assinar um acordo de cooperação económica e tecnológica, bem como contrair dois empréstimos e estabelecer uma parceria para a exploração petrolífera (sempre ela, a pairar sobre o quotidiano de povos que sofrem fome e epidemias).
No mês de Julho, a FAO, a União Africana, o Programa Alimentar Mundial e outras instituições procuraram soluções para a crise alimentar desencadeada pela seca, os conflitos armados e outros males que afectam a Etiópia, o Quénia, a Somália, os territórios sudaneses e o Uganda. Dezenas de milhares de pessoas têm vindo a morrer e pelo menos 12 milhões encontram-se em situação de grande vulnerabilidade.
Já em finais de Outubro, do outro lado da África, a parte ocidental, soube-se que um milhão de pessoas estão em risco de fome no Níger e 700.000 na Mauritânia, países situados na área do Sahel, imediatamente a sul do Sara; e que entre si têm o Mali, que também não estará isento das sequências trágicas de uma seca prolongada.
A insegurança alimentar, se bem que disseminada, encontra-se particularmente em níveis de extrema urgência nas terras do Corno de África, tendo a fome sido declarada no Sul da Somália, um país que há mais de 20 anos não sabe o que é uma administração centralizada, antes constituindo uma autêntica manta de retalhos, formada por uma série de poderes. Um quarto dos 7,5 milhões de somalis são pessoas deslocadas, 50 por cento do gado chega a morrer e os preços dos cereais básicos atingem níveis recorde, o que leva a situações de catástrofe, nas proximidades de Mogadíscio, uma capital que só o é no papel.
O acesso das instituições humanitárias é muito limitado em cerca de metade do território nacional, devido à existência de milícias fundamentalistas. Como a Al Haraka al Shababaab, contra a qual o Exército do Quénia se aventurou na segunda quinzena de Outubro, na primeira campanha que desde há 44 anos efectua além-fronteiras. É sabido que a partir de Nairobi, capital queniana, os Estados Unidos e o Reino Unido dirigem grandes operações regionais de combate ao terrorismo.
Washington decidiu neste último trimestre do ano enviar para o interior da África alguns conselheiros militares, de modo a ajudarem o Uganda e outros países nas suas imediações a neutralizarem de uma vez por todas esse horroroso flagelo que é o dito Exército de Resistência do Senhor (LRS), de Joseph Konny, figura sinistra procurada pelo Tribunal Penal Internacional. Ao longo de um quarto de século, Kony tem vindo a aterrorizar populações não só do seu próprio território como, também, do Sudão do Sul e do Nordeste da República Democrática do Congo. JH
Revista Além-Mar n.609 Dezembro 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mistérios da Guiné-Bissau

Quinta-feira, 8 de Dezembro de 2011
Tragédia: cidadão espanhol chegou ontem a Bissau, teve um enfarte na Presidência da República e... morreu no HN Simão Mendes
NICOLAS ALBARASSIN, era espanhol e membro da Câmara do Comércio das Canárias, e chegou ontem a Bissau num voo proveniente de Dakar. Instalou-se no hotel Malaika. À noite, na companhia do C.T., da Câmara do Comércio, Industria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau, deram um passeio pelas artérias de Bissau.
Regressou ao hotel, para uma noite de sono. Esta manhã, depois de ter tomado o pequeno-almoço, uma viatura veio buscá-lo para o conduzir à Presidência da República onde tinha um encontro de trabalho. Foi recebido por A.R., no seu gabinete, e a quem fez uma úncia pergunta: «Como está o Presidente da República?». A.R., respondeu, dizendo que o PR estava bem, que a saúde estava quase plenamente restabelecida.
Nisto, só se lhe ouviu um «ah!». Depois, a cabeça inclinou-se para trás e A.R., viu o sr. Albarassin cair ao chão. Houve uma tentativa de reanimação que não surtiu efeito, tendo sido transportado rapidamente ao hospital, onde chegou cadáver. A embaixada de Espanha foi logo contactada, e o corpo jaz agora na câmara frigorífica da morgue do HN Simão Mendes, a aguardar os procedimentoos para a sua trasladação. AAS
Publicada por António Aly Silva no Blog Diatadura do Consenso

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Que árabes que nós somos!

Alfama, Alcântara e Alvalade anseiam pelo triunfo da Primavera Árabe que há 10 meses começou a florir em Tunes e no Cairo.
Álamo, Alandroal, Albardo, Albarraque, Albergaria-a-Velha, Albergaria das Cabras, Albergaria dos Fusos, Albergaria dos Doze, Alberge, Albernoa, Albreiro, Albufeira, Albrunheira, Alburitel, Alcabideche, Alcácel do Sal, Alcáçovas, Alcafeche e Alcafozes também têm o coração a bater um uníssono com o dos marroquinos, tunisinos, líbios e egípcios.
Alcaide, Alcainão Grande, Alcaíns, Alcalva, Alcanede, Alcanena, Alcanhões, Alcantarilha, Alcaravela, Alcaria de Javazes, Alcaria do Coelho, Alcaria Queimada, Alcaria Ruiva, Alcarias Pedro Guerreiro, Alcarvas e Alcobaça sonham com um futuro risonho para o Maghreb.
Alcobertas, Alcochetes, Alcoentre, Alcofra, Alcoitão, Alcongosta, Alcordal, Alcornicosa, Alcoroches, Alcôrrego, Alcorriol, Alcorvel, Alcountim, Aldão, Aldeios dos Marmelos, Aldreu, Aldriz, Alfaião e Alfaiates sonham com Damascos a florir, frutos novos de uma Síria mais justa.
Alfândega da Fé, Alfazina, Alfarela de Jales, Alfarelos, Alfarim, Alfarrobeira, Alfebre do Mato, Alfebrinho, Alfeicão, Alfeizerão, Alfena e Alferrarede torcem pela democratização do Iémen.
Alforgermel, Alfontes, Alfouvês, Alfrívida, Alfundão, Algale, Algares, Algariz, Algarvia (e todo o Algarve), Algeriz, Algeruz, Algoceira, Algodor, Algodres, Algosinho, Algoso e Algoz encontram-se na expectativa sobre para que lado irá pender o Bahrein.
Alguber, Algueirão, Alhandra, Alverca, Aljaraz, Aljezur, Aljubarrota, Aljustrel, Almaceda, Almacinha e Almada interrogam-se por que é que a Argélia ainda está tão calma, ali entalada entre os fervores islamizantes que se notam em Marrocos e na Tunísia.
Almada de Ouro, Almadena, Almagreira, Almalaguês, Almancil, Almargem, Almarjão, Almeida e outros recantos de Portugal reflectem sobre o que é que irá acontecer na Jordânia e em Omã. Jorge Heitor

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Vasco Pulido Valente, o da última página

Está por lá há anos. Serve-se da última página para zurzir em tudo quanto mexe, pensa ou exista. Utiliza uma língua apelativa, seca,crua, dura. Ninguém lhe resiste.
Concordamos com ele algumas vezes, não nos revemos noutras.
No que me comove, não parece gostar de funcionários públicos. São uns parasitas miseráveis largamente responsáveis pela crise que vivemos.
Eu, médico, funcionário público convicto, integrado num serviço gabado e cobiçado além fronteiras, irrito-me. Não gosto, cheira-me a crítica seca, inconsistente, formada para agradar a leitores e a perpetuar proventos financeiros por surfar onda de moda.
O pior é que é profundamente hipócrita.
Vasco Pulido Valente é funcionário público.
Vasco Pulido Valente pertence ao quadro do Instituto de Ciências Sociais, bela escola de pensadores e críticos como António Barreto, Manuel Vilaverde Cabral, Maria Filomena Mónica, entre tantos outros.
Vasco Pulido Valente recebe com periodicidade religiosa e mensal o seu vencimento.
Mas Vasco Pulido Valente não dá uma aula, não escreve um texto, não dá uma conferência, não investiga, não publica, não nada, há 10 (dez) anos!!
Mas recebe, religiosamente, a cada mês o seu vencimento de funcionário público.
Portugal está em crise.
É bem verdade.
Mas é de valores que a crise mais se recente.
Vasco, o Rezingão, continuará a maltratar tudo e todos na última página e a receber, injustamente, o seu salário de funcionário público no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.


Carlos Arroz
secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos
(recebido via Eduardo Costa Dias)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Militares guineenses não toleram ingerências

O ministro da Defesa de Cabo Verde recomendou ontem à CEDEAO "prudência" na condução do processo de reforma da Defesa e Segurança na Guiné-Bissau, para evitar "factores de stress" e se prosseguir com o roteiro definido com a CPLP.

Em declarações à Agência Lusa, Jorge Tolentino aludia à resposta negativa dada quinta-feira pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA) guineense, António Indjai, que ameaçou demitir-se caso a Comunidade Económica dos Estados da África ocidental (CEDEAO) envie uma força de paz para a Guiné-Bissau.

"Trata-se de uma declaração que recebemos com toda a compreensão. Cabo Verde tem-se situado no quadro do roteiro CEDEAO/CPLP para a reforma das Forças Armadas da Guiné-Bissau e continuamos a acreditar que este é o quadro razoável, ideal, consensual, para que aconteçam mudanças significativas positivas na Guiné-Bissau", sustentou Tolentino. LUSA
Publicada por António Aly Silva