domingo, 23 de março de 2014

O cansaço do homem que envelhece

Já é tarde, muito tarde, para tanta coisa que eu poderia/desejaria ter feito na vida e que não fiz. Já é tarde, muito tarde, para a concretização dos sonhos. Distraímo-nos, perdemos oportunidades, e quando damos por nós já é tarde, muito tarde; já se passaram mais de dois terços do nosso existir...e apenas nos restam alguns anos mais. Já é tarde, muito tarde; e nós sem forças, para os sete, 10, 12 anos que nos restam. 23 de Março de 2014

quinta-feira, 13 de março de 2014

Serra Leoa: Morte de antigo Presidente Tejan-Kabbah

Sierra Leone's ex-president and war-time leader Ahmed Tejan Kabbah has died at the age of 82 after a long illness. Mr Kabbah's then-deputy, Solomon Berewa, and a relative confirmed his death, Sierra Leonean journalist Umaru Fofana told the BBC. Mr Kabbah was praised for his leadership during Sierra's Leone's decade-long civil war. The conflict officially ended in 2002 after foreign forces intervened to help defeat rebels. Mr Kabbah's death has not yet been officially announced, Mr Fofana told BBC Focus on Africa. However, a distraught relative told him that Mr Kabbah had died, Mr Fofana says. Mr Berewa had gone to Mr Kabbah's home in the capital, Freetown, after learning of the ex-president's death, he adds. BBC

terça-feira, 11 de março de 2014

Carta a Belmiro de Azevedo

Meu caro Belmiro de Azevedo; Eu sei que não vai ler isto, sei que nem vai querer saber do que lhe escrevo, mas eu atrevo-me a escrever na mesma, sempre na esperança que este pequeno espaço chegue a si, e recorde-lhe a ingratidão que tem perante os que trabalham. Quase fomos camaradas, ou já não se lembra dos tempos em que era da UDP? Em que era "improdutivo". Eu sou do Bloco hoje, e você foi da UDP de ontem, já imaginou se nós pudéssemos cruzar-nos numa Convenção? Talvez, quem sabe, não fosse tão ingrato com os trabalhadores, que hoje, numa atitude desprovida de sentimento, chama de "improdutivos". Não é a primeira vez, que nessa sua confusão mental, insulta os portugueses com palavras inapropriadas para o tempo. É sistemática a ofensa barata a quem tudo deve, pois se a sua fortuna aumentou, se o seu nome está na revista "Forbes" entre os homens mais ricos do planeta, é a estes portugueses a que se "diverte" ofender diariamente que o deve. Os seus insultos levam-me a questionar o seu passado, que é conhecido de todos nós, improdutivos. Um passado tão estranho e tão "sujo" moralmente, que quando o ouço a falar de sucesso, tenho vontade de dar gargalhadas a tanta hipocrisia. Tenho 27 anos, mas recordo-me bem do tempo em que as pessoas que insulta agora, o olhavam com olhos de orgulho nacional, parecia que dava gosto de dizer que era um empresário de sucesso, uma espécie de orgulho nacional. Na verdade, não posso lhe tirar o mérito de todo o "sucesso" que teve, mas questiono o custo desse sucesso, e a única ideia que me atravessa a mente, improdutiva, é o insucesso de muitos daqueles, que durante décadas, foram destruídos por esse louvado sucesso. Esse sucesso, em grande parte, tem um nome, são trabalhadores da SONAE, aqueles que hoje elegantemente apelidou de … improdutivos. Mas de quem é a culpa dessa pouca produção? É sua amigo, sem duvida, sua. E sabe porque é que é sua essa culpa? Porque no final do mês insulta os seus funcionários com vencimentos de miséria, a que chama salários, e eles, muito bem, pagam-lhe com pouca produtividade, ou então, com a produtividade que os meios obsoletos permitem. Consta que no seu passado "passou a perna" aos seus colegas da SONAE. Não desta SONAE dos supermercados, mas daquela dos termolaminados, do Banco Pinto Magalhães (processo que parece ainda não estar bem explicado), ex colegas seus, acusam-no de ter adquirido à custa de uma greve, em que eles foram crédulos na sua palavra, a empresa que era de... todos os improdutivos, incluindo-o a si. Segundo os testemunhos, sejam eles boatos ou não (mas num boato existe sempre um fundamento de verdade), afirma-se que se autoproclamou “Chefe” da Comissão de trabalhadores, porque eles lhe davam essa confiança, e negociou, não a empresa de todos, mas o seu futuro. Foram aqueles trabalhadores, que no passado e no engano, lhe chegou às mãos o inicio dessa fortuna que tem hoje. Eu quero crer que se nada tivesse acontecido naquela altura, hoje era apenas reformado de uma empresa, ou e quem sabe, ainda ex. dirigente sindical. Mas o que eu vejo, é apenas um homem de fraca memória do seu passado e do seu presente, talvez com bastante confusão gerada pela idade já avançada, a falar de "barriga cheia". Falar de aumentos salariais é prova que já não consegue prosseguir com um pensamento coeso, sinal de instabilidade cerebral, já alguma vez se questionou à quanto tempo não aumenta os salários dos seus funcionários? É claro que estou a falar dos que trabalham regularmente, não daqueles que estão na tua empresa a parasitar, fazendo figura idêntica ao patrão, administradores e directores, pessoas que nunca “sujaram” as mãos no trabalho. Esses são como tu, esperam sempre ganhar à conta dos funcionários e do seu trabalho "escravo", estou a falar daqueles miúdos que andam a por produtos nas prateleiras, até "lixarem" as costas, aquelas miúdas giras que são caixas, aqueles que estão atrás dos balcões a vender às comissões, aqueles que sujam as mãos com o trabalho, que levam-lhe a si, e à sua equipa de "mandriões" (palavra utilizada por Belmiro para aguçar) excelentes lucros. A esses não aumentou, em troca distribui honrosos prémios aos amigos administradores, que não mexem um musculo, que ficam obesos de tão pouco se mexerem, e aos amigos directores que distribuem aos amigos chefes intermédios, dá prémios ao seu miúdo, como fosse ainda um catraio de mesada. Enquanto isso, aos filhos do outros, quem sabe daqueles que "passou" a perna, não dá nada, só trabalho intenso e de escravo. Sabe, Belmiro, até compreendo quando pagas mal, pensa que eles, tal como o Belmiro, vão por o dinheiro à Holanda para que a Troika (que tanto abençoou) não lhe "meta as mãos", mas não meu caro Belmiro, nada disso, os seus trabalhadores não podem fazer esses truques, eles, com aquilo que paga, têm de pagar as contas sem desconto ou abatimento no IRS, sim, porque você é beneficiário desses abatimentos, graças a uma tal fundação que está em seu nome, coisas das finanças! Não quero que pense diferente, caro Belmiro, nem quero que se mate a pensar nisto que lhe disse (se tiver tempo para ler), só lhe peço que se cale de vez em quando, ou então penses antes de falar algo que o "suje" mais perante a sociedade, e faça que os seus funcionários percam o respeito por si, que creio já não ser muito. Mas quero-lhe relembra Belmiro, são os "improdutivos" que vão comprar produtos ao Continente, Worten, Sport Zone e inúmeras empresas que o Belmiro tem, são os tais improdutivos que colocam dinheiro na sua empresa a comprar obrigações, são os improdutivos que compram telemóveis e carregam-nos deixando dinheiro na sua empresa. Se acha pouco? Sabes, é que se está tão bem na vida, que lhe permite debitar asneiras, agradeça aos improdutivos que deixam todos os dias parte da miséria de salários, que você e os seus camarada empresários paga, na sua empresa. Não queira ser mais papista que o papa, resuma-se à sua insignificância como gente e mesquinhes mental, eu e os improdutivos, os que fazem o circo, os palhaços e outros que abertamente insulta, agradecemos. Sem mais cumprimentos publicado por Sandro Rodrigues

sexta-feira, 7 de março de 2014

Quase, de Mário de Sá Carneiro

Um pouco mais de sol - eu era brasa. Um pouco mais de azul - eu era além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém... Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído Nm baixo mar enganador de espuma; E o grande sonho despertado em bruma, O grande sonho - ó dor! - quase vivido... Quase o amor, quase o triunfo e a chama, Quase o princípio e o fim - quase a expansão... Mas na minh'alma tudo se derrama... Entanto nada foi só ilusão! De tudo houve um começo... e tudo errou... - Ai a dor de ser-quase, dor sem fim... - Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim, Asa que se elançou mas não voou... Momentos de alma que desbaratei... Templos aonde nunca pus um altar... Rios que perdi sem os levar ao mar.... Ânsias que foram mas que não fixei... Se me vagueio, encontro só indícios... Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; E mãos de herói, sem fé, acobardadas, Puseram grades sobre os precipícios... Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí... Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi... ......................................... ......................................... Um pouco mais de sol - e fora brasa, Um pouco mais de azul - e fora além. Para atingir, faltou-me um golpe de asa... Se ao menos eu permanecesse aquém... Mário de Sá Carneiro