quarta-feira, 27 de junho de 2012
A insuportável loucura do futebol
Que não se fale tanto de futebol nas nossas rádios e televisões é o que eu mais desejava.
Torna-se insuportável, de vómito, ligar o rádio e começar a ouvir falar de desporto profissional, de futebol, como se isso fosse assim tão importante para a vida das populações.
É de nojo, fazer zapping entre certos canais de TV e ouvir tantas vezes falar de futebol, como se os campeonatos representassem maias de metade das preocupações dos povos, que tantas vezes têm fome ou vivem angustiados com a escassez dos seus salários.
Basta, basta, basta, de tanto futebol! Por favor...
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Problemas na Tunísia
Júlio de Magalhães, em Lisboa (www.expresso.pt) Quarta feira, 13 de junho de 2012 Graves incidentes na Tunísia determinaram o restabelecimento do recolher obrigatório em Tunis e mais sete zonas do país, na sequência de acções violentas perpetradas pelos salafistas e que provocaram numerosos feridos e danos materiais. A vaga de violência eclodiu ontem com o ataque dos extremistas a tribunais, esquadras da polícia e edifícios estatais, utilizando cocktails Molotov, pedras, armas de fogo e armas brancas. Em Tunis os confrontos verificaram-se principalmente nas cités de El Intilaka e Ettadhamen (na periferia da cidade), tendo depois alastrado aos bairros residenciais. Parece que esta nova onda de incidentes, os piores desde a revolução do ano passado que levou à queda do regime de Ben Ali, foi inicialmente desencadeada por causa de uma exposição numa galeria de arte de La Marsa (uma espécie de Cascais tunisina) que conteria obras que os fundamentalistas consideraram ofensivas do islão. O mufti da Tunísia, Othman Batikh, pediu à assembleia constituinte que aprovasse leis contra a blasfémia, afirmando que existem linhas vermelhas religiosas que não podem ser ultrapassadas. Estes confrontos colocam problemas ao Ennahda, o partido islâmico supostamente moderado que governa a Tunísia, já que o líder da Al-Qaeda, Ayman Al-Zawahiri, apelou aos tunisinos para defenderem os princípios islâmicos contra o Ennahda, que acusou de trair a religião. O alastrar, aliás não totalmente imprevisível, do fundamentalismo islâmico no norte de África tem causas próximas e remotas, entre estas todas as asneiras do Ocidente durante o período de colonização. E no passado recente o apoio da "comunidade internacional" aos regimes ditatoriais que, pelo menos, constituíam um dique às aventuras do radicalismo religioso. Outro disparate foi a precipitação do Ocidente em apoiar incondicionalmente todas as rebeliões que eclodiram após a insurreição tunisina, à excepção, óbvia, das monarquias do Golfo. Os líderes ocidentais, por ignorância nata e oportunismo duvidoso, atropelaram-se para ver quem chegava primeiro, alguns inspirados por falsos filósofos, como Bernard-Henri Levy. Sendo a Tunísia o país globalmente mais culto da África do Norte, com um razoável nível de instrução da sua população, nomeadamente a jovem, compreende-se que os tunisinos, em especial os laicos e/ou de esquerda, se sintam traídos pela evolução dos acontecimentos, quando muitos deles (ingenuidade da juventude) contribuíram decisivamente para o derrube do regime e a instauração do que julgavam poderia vir a ser uma democracia (mesmo com todos os defeitos inerentes às democracias). Estão agora confrontados com um dilema: ou aceitam uma ditadura religiosa ou provocam uma nova revolução.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
A Líbia que o Ocidente facilitou
A bomb went off outside the US embassy offices in the eastern Libyan city of Benghazi Tuesday night, causing minor damage to its main gate.
A US embassy official in Tripoli told BBC that no one was injured in the attack, by unknown assailants.
The US official deplored the attack and asked the Libyan government to increase security around US facilities.
Libya has witnessed a spate of attacks on important local and foreign landmarks in the country this year.
Earlier this week, the runway at the international airport in the Libyan capital Tripoli was temporarily seized by an armed militia from the western town of Tarhouna, grounding all flights.
Last month, the office of the International Committee of the Red Cross (ICRC) in Benghazi was hit by a rocket-propelled grenade.
--- Isto está a acontecer porque há um ano o Ocidente embandeirou em arco com uma coisa a que chamou "Primavera Árabe"; e que na verdade foi como que a abertura de uma Caixa de Pandora.
terça-feira, 5 de junho de 2012
A Líbia que a NATO criou
TRIPOLI, June 4 (Reuters) - Clashes broke out between rival Libyan militias at Tripoli's international airport on Monday after angry gunmen drove armed pickup trucks on to the tarmac and surrounded planes, forcing the airport to cancel flights. In a fresh challenge to the interim government's weak authority, members of the al-Awfea Brigade occupied the airport for several hours demanding the release of their leader whom they said was being held by Tripoli's security forces. Brigades of former fighters said they had restored calm at the airport by Monday evening. The groups, who have joined the interior ministry since last year's war but are still loyal to their own commanders, said they had acted of their own accord. One brigade leader said 10 people were injured in the clashes but did not give details. Weeks before a planned election, Libya's new rulers are struggling to assert their control over an array of former fighters who still refuse to lay down their arms after last year's war that ousted Muammar Gaddafi. Several international flights were cancelled, and in some cases passengers who had already boarded planes got off and left the airport. Some flights were diverted to Tripoli's military airport Mitiga, airport workers said. One Italian passenger who was due to fly out and later arrived at a Tripoli hotel described the situation as chaotic. "There were about 200 of them who came into the airport, they were armed. We were waiting to board our flight and we could hear noises, people shouting," he said. Violence later broke out when militia groups from Tripoli and the mountain town of Zintan arrived at the airport to try to get the al-Awfea Brigade to leave, a Reuters reporter said. He said gunfire could be heard and men were entering the airport carrying rocket-propelled grenades. The gunfire later died down and vehicles marked with the Interior Ministry logo were seen entering the airport. MEN DETAINED Hisham Buhagir, who heads a Tripoli brigade which comes under the interior ministry, said 50 to 60 vehicles carrying men from Awfea brigade had earlier arrived at the airport. He said they had been briefly detained and later released when they handed over their weapons. "We negotiated with them and promised them we would find their leader within three days and they were convinced," he said. "We confiscated their arms and drafted a list of their names." Buhagir said the various brigades had not received government orders. "There was no direct (government) order to intervene today, there was just a conscientious feeling that Tripoli was in trouble," he said. A member of the Awfea Brigade told Reuters that they believed their leader, Colonel Abu Oegeila al-Hebshi, was being detained in the airport after being held by the Tripoli Security Committee on Sunday night. "We are protesting his kidnapping by coming to this airport," Anas Amara said. "We have one tank outside the airport and our cars are surrounding the airplanes so they don't fly."
segunda-feira, 4 de junho de 2012
A opinião de Raúl M. Braga Pires
Na mesma semana em que o Tribunal Penal Internacional condenou Charles Taylor a 50 anos de prisão, o Tribunal Supremo egípcio condenou Hosni Mubarak a prisão perpétua.
Este facto não deixa de ser curioso, já que um dos primeiros anúncios que o Egipto pós-Mubarak efectuou ao Mundo, foi o de que o Raíss (Presidente em árabe) seria julgado por um tribunal egípcio, havendo aqui claramente uma necessidade de fazer prova de um amadurecimento político e institucional, para além da mensagem de que os problemas dos egípcios se resolvem no Egipto.
O efeito provocado por esta condenação foi de uma ambiguidade espectável, num país confrontado de momento com uma segunda volta eleitoral, onde os candidatos presidenciais representam um incerto futuro islamista com Mohamed Morsy e um passado, que será certamente reciclado, com Ahmed Shafiq, mas que continuará nas mãos dos militares, principal frustração para aqueles que acamparam na Praça Tahrir no início de 2011.
Precisamente, o que provocou este regresso em massa a Tahrir, na procura de uma segunda "revolução", não foi a condenação de Mubarak e do seu Ministro do Interior Habib El-Adly, mas o facto de não se terem encontrado os responsáveis para a morte de mais de 900 manifestantes durante os dias mais quentes da "revolução" do ano passado. Ou seja, os condenados a prisão perpétua, foram responsabilizados por não terem conseguido impedir estas mortes, tendo a seu lado sentados no banco dos réus, 6 oficiais superiores da polícia, que sairam ilibados de todo este processo. Outros 2 ilibados foram os filhos de Mubarak, Gamal e Alaa Mubarak, acusados de corrupção, a qual ficou por provar (o pai também foi ilibado no caso da corrupção). Este, aliás, foi uma das críticas efectuadas por todos, a mistura entre homicídio e corrupção no mesmo julgamento.
O comportamento do Conselho Superior das Forças Armadas (CSFA), tem-se pautado por isso mesmo, uma no cravo e outra na ferradura. A 12 de Abril, o Parlamento, dominado pelos islamistas, aprovou uma lei na qual impede figuras ligadas ao regime de Mubarak, de concorrerem a cargos públicos. Esta serviu para impedir a candidatura de Omar Suleiman (ex-Chefe dos Serviços Secretos), mas não impediu as candidaturas de Omar Shafiq (último Primeiro-Ministro de Mubarak) e de Amr Mussa (Ministro dos Negócios Estrangeiros, 1991/2001). A 22 de Maio, menos de 24 horas antes da 1ª volta das eleições presidenciais, 5 polícias foram condenados a 10 anos de prisão pela morte de manifestantes em 2011. Há perto de 200 polícias a aguardar julgamento sob a mesma acusação, os quais poderão vir a ser usados consoante o calendário e necessidades de enviar sinais e/ou acalmar a população. A 28 de Maio, 4 dias após as eleições, Zakaria Azmi, Chefe de Gabinete de Mubarak e destacada figura do extinto Partido Nacional Democrata, foi condenado a 7 anos de prisão por peculato e abuso do poder. A 31 de Maio, deixou de estar em vigor o Estado de Emergência que vigorava há 31 anos.
Os egípcios, que de novo voltaram às ruas, voltaram também às palavras d'ordem de Janeiro de 2011. Id Wahda, Uma Mão, foi o mote mais ouvido durante o fim-de-semana, num apelo à unidade pela revolução que reconhecem ainda não foi feita e pela limpeza que agora querem no sitema judicial do país.
As ruas vão continuar, certamente, a encher-se até à 2ª volta das presidenciais, a 16 e 17 deste mês. O país encontra-se dividido não apenas entre islamistas e defensores do antigo regime, mas também da ala mais laica da população, a qual de acordo com a 1ª volta, representa cerca de 32% (Hamdeen Sabahi, 20.72% e Amr Mussa, 11.13%) dos mais de 23 milhões e meio de votantes. Uma outra divisão ainda, é entre os que estão a favor de um constante e permamente protesto e os outros que já se fartaram de manifestações. Nesse sentido, o que se passa em Tahrir, nem sempre é significativo do sentimento e dos acontecimentos no restante país.
Certamente que ganhará a figura que mais próxima estiver da imagem de um revolucionário e da revolução, sendo que não há dúvidas de que no leque das opções, Mohamed Morsy, é o revolucionário. Ex-preso político do regime de Mubarak, pertencente a uma Irmandade Muçulmana permanentemente na clandestinidade e com uma aura de Robin Hood, fruto do seu trabalho social. Mas para tal vai necessitar dos 32% da ala mais laica da população, a qual fez germinar este período de transição, já desde 2004 com o Movimento Kefaya, "Basta" e, que não pode deixar escapar agora o momento.
Parece que inclusivamente Mohamed El Baradei já regressou ao Cairo, o que por anedótico que possa parecer, será certamente mais uma figura de peso e prestígio internacional a juntar a uma romaria de laicos, que aproveitará o facto de Morsy estar neste momento e dar tudo para vencer as eleições. Já veio dizer que se for eleito, o julgamento do passado sábado será anulado e que os acusados serão "rejulgados". Muito provavelmente ainda o veremos, fruto das pressões dos laicos, a jurar em público, com a mão direita sobre o Corão, que não obrigará as mulheres a usarem o véu, que não alterará as regras do jogo para os turistas estrangeiros (alcool nos hóteis, restaurantes e indumentária de praia) e que não perseguirá os cristãos coptas, declarados apoiantes de Shafiq e em pânico com a possibilidade de uma maioria, um governo e um Presidente islamistas, apesar de ainda não estarem definidos os poderes deste, nem que sistema de governo terá a Segunda República Egípcia.
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/maghreb--machrek=s25484#ixzz1wo5gKLhx
sábado, 2 de junho de 2012
Prisão perpétua para Mubarak
An Egyptian court has sentenced ex-President Hosni Mubarak to life in prison for complicity in the killing of protesters during last year's uprising.
The 84-year-old is the first former leader to be tried in person since the start of the Arab Spring in early 2011.
Former Interior Minister Habib al-Adly also received a life sentence over the deaths of demonstrators.
Mubarak and his two sons - Gamal and Alaa - were acquitted on separate charges of corruption.
Shouting and scuffles erupted in court after the verdict was read out.
Correspondents say this was caused by the court's decision to acquit four senior aides to Adly, who are also widely blamed for the death of protesters.
Angry shouts
Outside the building, Mubarak's sentencing was greeted by celebrations from relatives of those killed, according to the BBC's Yolande Knell.
Firecrackers were set off. Soha Saeed, the wife of one of the victims, shouted: "I'm so happy. I'm so happy."
But the joy soon turned into angry shouts as the crowd learnt that the former interior minister's aides had been cleared.
In a preamble to the verdicts, Judge Ahmed Refaat insisted the 10-month trial had been a fair one.
sexta-feira, 1 de junho de 2012
O dia em que Lima será destruída
Les habitants de Lima, mégalopole péruvienne chaotique de huit millions d'habitants située sur la "ceinture de feu du Pacifique", ont participé jeudi à une simulation de tremblement de terre pour tenter d'atténuer le spectre d'un désastre annoncé, par manque de préparation.
"Un tremblement de terre d'une magnitude 8 ou plus pourrait se produire à Lima, faisant plus de 50 000 morts, détruisant des dizaines de milliers d'habitations et causant des dégâts incalculables", explique Susana Villaran, maire de Lima. "Au Pérou, nous ne sommes pas préparés", dit-elle, "l'ampleur d'un désastre peut être considérablement réduite si nous investissons dans la prévention".
Le Pérou, sur le littoral Pacifique, est situé sur une zone de subduction entre plaques tectoniques et les secousses de magnitude 4 à 5, voire 6, y sont fréquentes. Depuis le début de cette année, au moins cent séismes de moyenne intensité ont été enregistrés. Mercredi et jeudi, deux séismes de 4 et 4,7 degrés sur l'échelle de Richter ont été ressentis à Lima et dans l'est amazonien quelques heures avant une simulation géante de séisme accompagné d'un tsunami jeudi dans la capitale.
Lima, poumon économique et financier du pays, représentant 47 % du PIB, est particulièrement vulnérable en raison de l'urbanisation sauvage de ces dernières années et du manque de prévention. La capitale péruvienne est construite sur un désert de sable et des sols meubles où plus de 5 000 bidonvilles, comptant deux millions d'habitants, forment une ceinture de pauvreté. "Sur ces 5 000 bidonvilles, 3 000 se trouvent dans des zones à risque", estime Susana Villaran. Ces 50 dernières années, deux séismes d'une magnitude supérieure à 7,5 se sont produits à Lima, respectivement en 1966 (200 morts) et 1974 (252 morts).
Un séisme majeur en 1746 détruisit cette ville, où seules 25 maisons restèrent debout, faisant entre 15 000 et 20 000 morts et provoquant un tsunami qui rasa le port voisin d'El Callao. Les répliques se poursuivirent pendant deux mois, selon les historiens. "Nous devons nous habituer à l'idée que les séismes sont cycliques et doivent se répéter", relève Hernan Tavera, directeur de sismologie de l'Institut de géophysique du Pérou. Le "silence sismique" de Lima est de plus de 250 ans en ce qui concerne un tremblement de terre majeur de magnitude 8 ou plus sur l'échelle de Richter, comme celui qui a frappé le Chili voisin en 2010, et augmente la probabilité qu'il se reproduise, dit-il.
Le Monde
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