sábado, 26 de outubro de 2013

Sociedade Portuguesa de Naturalogia em dificuldades

A SPN é uma associação que se tem dedicado, desde 1912 (possui, portanto, 101 anos) a promover a saúde através das medicinas alternativas, realizando conferências, consultas, massagens, sessões de ioga, tai-chi e meditação, passeios pedestres e outras atividades que têm subjacente o respeito pelas leis naturais e a preservação do ambiente. Através de um refeitório próprio proporciona aos sócios, almoços vegetarianos nos dias úteis da semana. A sede e todas as suas instalações situam-se na Rua do Alecrim, 38, 3º, em Lisboa, há cerca de 50 anos. A SPN tem sido um esteio importante para toda a comunidade portuguesa através da divulgação e sensibilização sobre os princípios de cidadania ativa e da cooperação com outras entidades de que destacamos, entre muitos, o Centro Nacional de Cultura que, todos os anos, organiza a Festa do Chiado. Fruto do seu intenso labor, a SPN obteve, muito justamente, a partir de 1991, a classificação de Instituição de Utilidade Pública. Como é sabido, a vida não tem sido fácil para as associações que sobrevivem com exíguos meios financeiros e, como é o caso da SPN, que jamais recebeu quaisquer apoios por parte do Estado, da Câmara de Lisboa ou de outra qualquer entidade. Com a dedicação e esforço abnegado e generoso de alguns sócios e principalmente dos membros dos corpos gerentes temos conseguido cumprir, até agora, os desígnios da instituição cujo lema é, significativamente: PELAS LEIS NATURAIS – PELA CULTURA INTEGRAL DO INDIVÍDUO.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

As múltiplas formas do esclavagismo actual

In 2013, modern slavery takes many forms, and is known by many names. Whether it is called human trafficking, forced labour, slavery or slavery-like practices (a category that includes debt bondage, forced or servile marriage, sale or exploitation of children including in armed conflict) victims of modern slavery have their freedom denied, and are used and controlled and exploited by another person for profit, sex, or the thrill of domination. Today some people are still being born into hereditary slavery, a staggering but harsh reality, particularly in parts of West Africa and South Asia.8 Other victims are captured or kidnapped before being sold or kept for exploitation, whether through ‘marriage’, unpaid labour on fishing boats, or as domestic workers.9 Others are tricked and lured into situations they cannot escape, with false promises of a good job or an education. Modern slavery can involve using children in the military, whether as combatants, porters, cooks or for other jobs.10 The chains of modern slavery are not always physical – sometimes escalating debts, intimidation, deception, isolation, fear or even a ‘marriage’ that is forced on a young woman or girl without her consent can be used to hold a person against their will without the need for locks or chains. Modern slavery is poorly understood, so it remains hidden within houses, communities and worksites. Criminals are creative and will use any available means to conceal, rationalise, and justify slavery – be it race, ethnicity, religion, gender, caste, ‘custom’ or any other excuse or vulnerability they can exploit. Modern slavery is not always as self-evident as some other crimes, such as homicide or even theft. Modern slavery involves an extreme abuse of power, which is not always immediately apparent but requires understanding the people and the relationships involved. While most forms of modern slavery are illegal all over the world, existing information suggests these laws are rarely used and enforced. The 2013 US Trafficking in Persons Report notes that while 46,570 victims of human trafficking were officially identified in 2012, there were only 7,705 prosecutions, and 4,750 convictions recorded globally.11 The reality of modern slavery is millions of people who cannot walk away, who are trapped and denied freedom and lives of dignity, and bound only to serve and profit the criminals that control them.

domingo, 20 de outubro de 2013

A falta de capacidade do Estado português

No Verão de 1997 escrevi ao primeiro-ministro António Guterres a chamar a atenção para as novas pontes que deveriam começar urgentemente a ser construídas na área de Lisboa, para que não se verificasse um estrangulamento nas ligações entre o Norte e o Sul. Há 25 anos já não havia na capital portuguesa nenhuma ponte que satisfizesse cabalmente o fluxo de trânsito para quem desejasse dirigir-se para as terras meridionais e regressar de lá sem grandes demoras. Nessa carta de meados de 1997, chamei a atenção do Governo para o escândalo de se aguardar por vezes 30 minutos quando cerca das 20h30 se procurava regressar à cidade de Lisboa, vindo da Arrábida ou da Fonte da Telha. Dez meses depois já havia a ponte Vasco da Gama, para Alcochete e o Montijo; mas isso não veio ajudar grandemente as necessidades do trânsito para a Caparica, o Seixal, o Barreiro, a Lagoa de Albufeira, o Meco e outras terras meridionais. Não era dessa segunda ponte, apenas, que nós precisávamos, mas de mais duas ou três, a juntar à que a década de 1960 nos legara e que no fim da década de 1980 se encontrava já completamente saturada, incapaz de corresponder às necessidades dos novos tempos. Em 1997, em 1998 e em 2013 era premente arrancar com novas travessias; nomeadamente do Beato/Marvila para o Barreiro e de Belém para a Trafaria. Não o fazer é ficar com 15, 20 ou mais anos de atraso em relação às necessidades de um país que se pretende desenvolvido e já formalmente entrado no século XXI. De cada vez que demoro mais de 25 minutos entre o Fogueteiro e a Praça de Espanha vocifero contra as autoridades deste país e contra a sua falta de iniciativa, por em 1999, 2002 ou 2010 não terem arrancado com as obras de uma terceira ponte na área de Lisboa, de modo a diminuir a pressão sobre o trajecto que nos foi legado pelo Governo que havia há 47 anos. Na década de 1960 realizou-se o que era necessário para essa altura; mas nos últimos 15 anos não tem existido a mesma capacidade de se facilitar a interligação entre as duas margens do Tejo, na área da Grande Lisboa, "Não avançar, já, já, já, para a terceira e a quarta pontes que ainda não temos parece-me criminoso e um atestado de menoridade para as pessoas que nos têm governado", dizia eu na minha carta de 1997 para o Engenheiro António Guterres. E entretanto passaram-se uns longos 16 anos, o número de viaturas em circulação aumentou e a necessidade de mobilidade também. Queremos nós ficar tão pobrezinhos como uma qualquer Mauritânia ou ser de facto parceiros da Holanda e da Dinamarca? Esta questão das pontes, na área da capital, parece-me bem reveladora da incapacidade de gestão da coisa pública ao longo das últimas duas décadas e meia. Em certos aspectos, este país parece que se ficou por alturas de 1987/1988, não tendo conseguido ir mais além. Esgotou-se. JH 20 de Outubro de 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

Os amordaçados

Os amordaçados são aqueles que não fazem parte das tertúlias nem prestam culto aos partidos principais. Os amordaçados são aqueles que não pensam como o chefe e que não partilham as opiniões dominantes na sua terra ou no seu local de trabalho. Os amordaçados são os que não podem falar (nem escrever), mesmo quando se diz que a censura acabou; que era uma cousa de outros tempos. Os amordaçados têm por única companhia a sua própria consciência. Jorge Heitor 3 de Junho de 2006

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Os sacrifícios dos portuguedes

«O que for necessário ainda sacrificar, que atinja quem se possa sacrificar e que tenha sempre em conta o bem de todos e, sobretudo, daqueles que já não têm quase nada», afirmou à agência Lusa o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. Neste sentido, alertou que «os responsáveis políticos têm de tomar medidas com muita solidariedade», sublinhando que chegam às instituições sociais e de caridade cada vez «mais pedidos de ajuda». «Havia muita gente que não recorria às instituições de solidariedade e agora recorre, desde há dois ou três anos. Portanto, já não são só os pobres, mas pessoas da classe média que recorrem de uma maneira envergonhada face à perda de estatuto», afirmou. Em relação aos cortes anunciados das pensões de sobrevivência, chamou «a atenção para que, com este novo desemprego, muitas pensões de pais e avós também servem para ajudar filhos e netos, que estão desempregados». Considerando que é preciso tomar medidas «para resolver as dificuldades do país sob assistência externa e para haver investimento e desenvolvimento», defendeu que os membros do Governo devem «ter uma ação muito pedagógica», no sentido de explicá-las aos portugueses, cuja «maioria não é especialista» em matérias, como finanças. «Não é possível resolver por nós [no atual contexto do país sob dependência externa] as nossas dificuldades, o que limita a capacidade de ação sobre os recursos nacionais», lembrou D. Manuel Clemente. O Patriarca de Lisboa falava no final de uma missa de celebração dos 110 anos da Associação dos Bombeiros de Torres Vedras, donde é natural.

domingo, 13 de outubro de 2013

A infelicidade que Sócrates nos legou

A maior manifestação dos últimos anos juntou ontem em Lisboa 110 mil pessoas que se manifestaram contra o Governo de José Sócrates, que torna o povo infeliz, retirando-lhe o poder de compra e os devidos cuidados de saúde. Uma parte significativa da população não se revê num Governo que só pensa em ensinar inglês e em incrementar o uso da informática, sem se lembrar que somos portugueses e que desejamos acima de tudo saber bem a nossa língua e a nossa História. A governação de José Sócrates deixa-nos infelizes. Jorge Heitor 3 de Março de 2007

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Os "moonies" em Moçambique

Maputo, Mozambique - A delegation from UPF-Mozambique led by the Chairman of the Peace Council, Rev. Hwa Bum Lee, met with the President of Mozambique, H.E. Mr. Armando Emílio Guebuza, on January 18. Rev. Lee took the opportunity to explain to the President the vision of UPF Founder Rev. Sun Myung Moon of creating “one family under God” as well as the activities in Mozambique since 1996, when he was appointed as a representative to this country. Also present at the meeting were Mrs. Sun-ja Seo, Rev. Lee’s wife; Hon. Raul Manuel Domingos, member of Parliament, President of the Party for Peace, Democracy and Development, and Ambassador for Peace; and Rev. Jean Augustin Ghomsi, Secretary General of UPF-Southern Africa. Also present were two advisers of the president. Rev. Lee gave the president a copy of the autobiography of Rev. Dr. Sun Myung Moon, As a Peace-loving Global Citizen. “Here you will learn a lot about his vision for national prosperity and world peace,” he said. The Peace Council Chairman summarized the 34 years of Rev. Moon's work in America, including his meetings with American presidents and members of Congress. He described his meetings with Soviet President Mikhail Gorbachev during his visit to Moscow in April 1990, "a meeting that contributed to ending the Cold War," and his meeting with North Korean leader Kim Il-sung in 1991 to ease the tensions between North and South Koreas.

Portugal e o resto do mundo árabe

Alfama, Alcântara e Alvalade anseiam pela normalização da vida na Tunísia, na Líbia e no Egipto. Álamo, Alandroal, Albardo, Albarraque, Albergaria-a-Velha, Albergaria das Cabras, Albergaria dos Fusos, Albergaria dos Doze, Alberge, Albernoa, Albreiro, Albufeira, Albrunheira, Alburitel, Alcabideche, Alcácel do Sal, Alcáçovas, Alcafeche e Alcafozes também têm o coração a bater um uníssono com o dos marroquinos, argelinos, tunisinos, líbios e egípcios. Alcaide, Alcainão Grande, Alcaíns, Alcalva, Alcanede, Alcanena, Alcanhões, Alcantarilha, Alcaravela, Alcaria de Javazes, Alcaria do Coelho, Alcaria Queimada, Alcaria Ruiva, Alcarias Pedro Guerreiro, Alcarvas e Alcobaça sonham com um futuro risonho para o Maghreb e para o resto do mundo árabe. Alcobertas, Alcochete, Alcoentre, Alcofra, Alcoitão, Alcongosta, Alcordal, Alcornicosa, Alcoroches, Alcôrrego, Alcorriol, Alcorvel, Alcountim, Aldão, Aldeios dos Marmelos, Aldreu, Aldriz, Alfaião e Alfaiates sonham com Damascos a florir, frutos novos de uma Síria enfim liberta das armas químicas. Alfândega da Fé, Alfazina, Alfarela de Jales, Alfarelos, Alfarim, Alfarrobeira, Alfebre do Mato, Alfebrinho, Alfeicão, Alfeizerão, Alfena e Alferrarede torcem pela democratização do Iémen, da Arábia Saudita e dos Emiratos. Alforgermel, Alfontes, Alfouvês, Alfrívida, Alfundão, Algale, Algares, Algariz, Algarvia (e todo o Algarve), Algeriz, Algeruz, Algoceira, Algodor, Algodres, Algosinho, Algoso e Algoz encontram-se na expectativa sobre para que lado irá finalmente pender o Bahrein. Alguber, Algueirão, Alhandra, Alverca, Aljaraz, Aljezur, Aljubarrota, Aljustrel, Almaceda, Almacinha e Almada interrogam-se sobre o que é que irá acontecer na Argélia quando morrer o Presidente Abdelaziz Bouteflika. Almada de Ouro, Almadena, Almagreira, Almalaguês, Almancil, Almargem, Almarjão, Almeida e outros recantos de um Portugal tão vincadamente árabe, ou arabizado, reflectem sobre o que é que irá acontecer na Jordânia e em Omã. Jorge Heitor

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Não aos cortes da Ponte

Querer fazer manifestações ou maratonas numa ponte que já nem sequer comporta o trânsito automóvel entre as duas margens do Tejo parece-me o menos indicado possível. Se já sem manifestações se chega a demorar mais de 15 minutos para vir do Fogueteiro ou do Feijó para Lisboa, o que dizer do corte da ponte durante uma ou duas horas, seja por que motivo for. O que precisamos é de mais pontes, não é que se ocupem as poucas que já temos com manifestações ou corridas. ----Tudo o que seja perturbar o fluxo normal do trânsito automóvel numa ponte será sempre muito mal visto por grande parte da população dos distritos de Lisboa e de Setúbal. Jorge Heitor

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Associação Cívica dos Açores

Esta manhã foi publicamente apresentado um novo movimento cívico em Ponta Delgada, inspirado nos ideais autonomistas. Chama-se Associação Cívica dos Açores. O movimento defende que a riqueza dos Açores deve pertencer aos açorianos. O primeiro designio deste projeto é chamar a atenção dos açorianos para as potencialidades dos Açores, reclamando que a riqueza gerada na região pertença aos açorianos. Inspiram-se em Singapura e em Timor e acusam Portugal de colonialismo, explica Aires Ferreira, um dos promotores. RTP-Açores

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Guiné-Bissau só terá eleições em 2014

Opinião Guiné-Bissau: Eleições nunca antes de Março de 2014 Jorge Heitor________________________________________ O importante, para as Nações Unidas, é que se realizem eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau "quanto mais depressa possível"; mas já toda a gente percebeu, e até o próprio representante especial do secretário-geral Ban Ki-moon o reconheceu, que elas nunca poderão ser antes de Março ou Abril de 2014, na melhor das hipóteses. Não há minimamente condições para isso. "Espero que no prazo de cinco a seis meses, para restabelecer a ordem democrática e uma estratégia de recuperação do país", disse José Manuel Ramos-Horta numa entrevista à agência noticiosa IPS. Acontece, porém, que ainda não se fez qualquer recenseamento, que não existem cadernos eleitorais e que não há o dinheiro necessário para apressar o processo; de modo que, os cinco ou seis meses de que fala o antigo Presidente timorense poderão muito bem arrastar-se para lá de Abril do próximo ano; para lá do segundo aniversário do presente estado de coisas. Nenhum Governo ou organização internacional importante reconheceu o sistema saído do golpe de estado de Abril do ano passado, mas os Estados Unidos e o Reino Unido dialogam com ele, a Espanha manteve o seu embaixador em Bissau e a França tem lá um encarregado de negócios. Assim se vai tentando sobreviver. O Presidente formal deste regime de transição, Manuel Serifo Nhamadjo, conseguiu até a proeza de o terem autorizado há pouco a discursar na Assembleia Geral da ONU, oportunidade que aproveitou para elogiar a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e até mesmo Timor-Leste, que por sinal está a atravessar um período bem difícil, por entre muitas denúncias de que a prostituição e a pedofilia são aí prática corrente. Nhamadjo, que a maioria da população guineense nunca elegeria para a chefia do Estado, deixou bem claro que o sistema político a que pertence se dá muito melhor com a França e com a CEDEAO do que com Portugal ou com a generalidade da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP). Independentemente de Cabo Verde se ter já disponibilizado para dar apoio técnico à realização de eleições presidenciais e legislativas num país a que se sente ligado por uma luta comum pela independência, as ditas eleições, repita-se, nunca poderão acontecer antes do primeiro trimestre de 2014; e mesmo que acontecessem ninguém poderia garantir que iriam servir de grande coisa. Ao contrário do optimismo que José Ramos-Horta sempre tem procurado aparentar, ele a quem o próprio povo recusou um segundo mandato, a Guiné-Bissau vive mergulhada na pobreza extrema, apresenta péssimos indicadores sociais, não consegue ter figuras que lhe garantam qualquer estabilidade política e encontra-se refém dos cartéis latino-americanos da droga, sendo um dos países mais infelizes ao cimo da Terra. Em flagrante contraste com o que tem vindo a dizer o mesmo Ramos-Horta, que não cessa de procurar branquear a situação, os cidadãos guineenses estão a ser vítimas de um narco-estado e de um grupo de militares que, enganosamente, se pretendem herdeiros dos que fizeram a luta pela proclamação da independência. Estes oficiais de hoje em dia, pessoas de 48 ou de 55 anos, eram crianças ou adolescentes quando se deu o 25 de Abril e a causa de Amílcar Cabral saiu vitoriosa, pelo que, como afirmou recentemente o jornalista guineense António Aly Silva, não passam muitas vezes de impostores, quando se querem apresentar como émulos de Nino Vieira, de Chico Té, de Manecas Santos, de Pedro Pires e de outros que de facto lutaram, no mato, para que a independência se tornasse realidade. Por tudo isto, pelo completo descrédito da maior parte dos militares e até de muitos políticos, é que apareceu recentemente um jovem, de seu nome Azibo Berta, a lançar aos quatro ventos um Movimento para que...a Guiné-Bissau seja colocada sob a tutela das Nações Unidas. Quatro centenas de pessoas já subscreveram a petição no sentido de que, por assim dizer, volte tudo à primeira forma, como se estivéssemos agora no início da década de 1960. Ou seja, o país seria colocado sob tutela da ONU, que encarregaria um Estado com boas credenciais, de preferência nórdico, conforme afirmou Berta, de o preparar para realmente ser independente. Essas propostas poderiam ser consideradas extremamente líricas, se não fosse a triste realidade a que todos nós assistimos nos últimos 40 anos, desde o assassínio de Amílcar Cabral e a proclamação precipitada e unilateral da independência das terras da Guiné-Bissau, que não estavam de forma alguma preparadas para erguer em algumas décadas um Estado minimamente viável a partir de um conglomerado de povos, como o balanta, o fula, o mandinga e o manjaco. O que aconteceu então nas Colinas do Boé foi um grande equívoco.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

"Escrita portuguesa na vertente brasileira"

A Embaixada do Brasil em Maputo lançou um concurso para director do Centro Cultural Brasil-Moçambique (CCBM), colocando, como requisito, "desejável conhecimento da escrita portuguesa na vertente brasileira", para concorrentes não brasileiros. Questionada sobre se a presença do mencionado requisito no concurso não choca com o espírito do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO), que harmoniza a ortografia do português e que o Brasil ratificou, a Embaixada do Brasil em Maputo declinou pronunciar-se sobre a matéria por entender que "não há polémica no concurso". O AO, de 1990, assinado e ratificado por todos os países lusófonos à excepção de Angola e Moçambique, e implementado em Portugal e no Brasil, tem por objectivo unificar a ortografia nos diferentes espaços de falantes de português, pelo que uma exigência de uma "vertente brasileira" parece contraditória com o tratado internacional. A vaga de director do CCBM está aberta a cidadãos brasileiros e para estrangeiros com residência permanente em Moçambique, mas é a estes a quem é "desejável" o conhecimento da escrita portuguesa na vertente brasileira. No concurso, exigem-se também bons conhecimentos das culturas brasileira e moçambicana, bem como experiência anterior em produção e gestão cultural. Em declarações à Lusa em Maputo, o director cessante do CCBM, o moçambicano Calane da Silva, afirmou que "não há mal nenhum" ao exigir-se que seja "desejável o conhecimento da escrita portuguesa na vertente brasileira", pois entende que esse requisito "não viola nem contradiz o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa". Lusa/SOL