segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Bem mais de sete anos de pobreza em Portugal

Os portugueses gostariam de viver num país onde não houvesse fome e todos eles tivessem emprego, nomeadamente entre os 19 e os 65 anos. Os portugueses que trabalham gostariam muito de ter salários de 1.750, 1.900, 2.100 euros, pois que ninguém consegue sobreviver decentemente com uns meros 980 ou 1.200 euros, quando o aluguer de um apartamento é de 430/450 euros. Os portugueses que passam à reforma gostariam muito de ter pensões de 1.300/1.450 euros, a fim de ter o dinheiro necessário para a alimentação e os remédios. Estas devem ser as preocupações essenciais de qualquer Governo. Fazer com que não haja pessoas a acumular empregos ou salários, nem rendimentos mensais de 16.000 ou 17.000 euros, para que o trabalho e o dinheiro cheguem a todos. Criar novas empresas, novos postos de trabalho, nas regiões mais desfavorecidas deve ser uma prioridade de qualquer elenco governamental, para que não haja fome, nem miséria, nem sejam necessários os roubos. Talvez já exista hoje em dia mais justiça social do que há 33 anos, mas ainda é preciso fazer muito mais. Erradicação total do analfabetismo, ensino generalizado dos seis aos 18 anos, empregos apelativos para quem tenha 19, 20, 23 anos, de modo a evitar a tentação da droga e da banditagem. Vamos trabalhar todos nesse sentido. Vale? Jorge Heitor 11 de Novembro de 2005 Escrevi isto há mais de sete anos e continua a ser pertinente.

domingo, 13 de janeiro de 2013

O conservadorismo da política portuguesa

Desde as eleições para a Assembleia Constituinte, em 25 de Abril de 1975, até à mais recente Eurosondagem, para a SIC e o Expresso, a posição das quatro principais forças políticas portuguesas permanece inalterada. PS em primeiro, respectivamente com 37 e 34 por cento. PPD/PSD nos 26 por cento. PCP (agora CDU) com 12 e 10 por cento. CDS a subir de sete para nove. A isto é que se chama 37 anos e meio de constância; e muito me admira que o Partido Socialista ainda consiga obter 34 por cento das intenções de voto, depois de tanta coisa menos agradável que fez há seis, cinco, quatro, três, dois anos... As descidas, relativamente pequenas, que o PS e o PCP tiveram de 1975 para cá foram, de algum modo, compensadas com o surgimento do Bloco de Esquerda, agora com 8,8 por cento das intenções de voto, na quinta posição do espectro político português. No essencial, repito, uma grande constância. Surgiu e morreu o PRD, de Ramalho Eanes; e em quase 90 por cento o querer dos portugueses continua a ser hoje o que era um ano após o Movimento dos Capitães de Abril. De certo modo, um grande conservadorismo, com os mesmos jogadores a ocuparem os tabuleiros principais. JH

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Portugal: os que insistem em ignorar a crise

Portugal está há mais de dois anos numa situação dramática e tem de pedir ajuda financeira de urgência à União Europeia e ao FMI, mas sete ou oito por cento dos portugueses comportam-se como se nada fosse. Como é possível publicitarem-se voos directos para o Dubai, as ilhas gregas e outros destinos quando mais de 16 por cento da população portuguesa está desempregada? Como é possível publicitar a Andaluzia, as Baleares e as Canárias quando os jovens licenciados portugueses não conseguem encontrar emprego e vivem numa situação desesperada? Como é possível querer vender viagens de 1.200 euros ou 1.900 euros ao estrangeiro quando tantos idosos portugueses recebem pensões de 198 ou 210 euros mensais? Como oferecer "viagens exóticas" à Tailândia, *a Malásia e à Indonésia quando tantos e tantos portugueses, há mais de 15 anos a trabalhar, recebem salários mensais de uns escassos 950 ou 990 euros? Não é tudo isto uma grande falta de patriotismo, por parte de oito a 10 por cento da população; não é não querer alinhar com os apelos crescentes à contenção de despesas, ao apertar do cinto? Por que não promover antes a recuperação das aldeias abandonadas do interior e levar para lá os portugueses a passar férias, nas Beiras ou em Trás-os-Montes? Por que não recordar que há pequenas residenciais nos concelhos de Mortágua ou de Vale de Cambra ou de Arganil que oferecem dormidas a 19, a 25 euros ou a 27 euros, mais de acordo com a capacidade pecuniária de uma grande parte do país? Portugal está em profunda crise, há muito mais de dois anos, está endividado, com a corda na garganta, pelo que soa a crime de lesa Pátria surgirem por vezes agências a fazer publicidade a um "Perú fascinante"; a um "Perú mítico". A uma Austrália; a uma Nova Zelândia. Só quando todos se compenetrarem da extrema gravidade da situação que é a nossa desde 2010/2011 é que este país se poderá salvar. Se assim não for, oito, nove ou 10 por cento da população viverá num mundo de sonho e os restantes 90 por cento num mundo de pesadelo, deixando-se morrer à fome nas suas casas, à míngua de alimentos ou de dinheiro para pagar as dívidas. Ou talvez, até mesmo, suicidando-se. Jorge Heitor