terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Portugal: os que insistem em ignorar a crise
Portugal está há mais de dois anos numa situação dramática e tem de pedir ajuda financeira de urgência à União Europeia e ao FMI, mas sete ou oito por cento dos portugueses comportam-se como se nada fosse.
Como é possível publicitarem-se voos directos para o Dubai, as ilhas gregas e outros destinos quando mais de 16 por cento da população portuguesa está desempregada?
Como é possível publicitar a Andaluzia, as Baleares e as Canárias quando os jovens licenciados portugueses não conseguem encontrar emprego e vivem numa situação desesperada?
Como é possível querer vender viagens de 1.200 euros ou 1.900 euros ao estrangeiro quando tantos idosos portugueses recebem pensões de 198 ou 210 euros mensais?
Como oferecer "viagens exóticas" à Tailândia, *a Malásia e à Indonésia quando tantos e tantos portugueses, há mais de 15 anos a trabalhar, recebem salários mensais de uns escassos 950 ou 990 euros?
Não é tudo isto uma grande falta de patriotismo, por parte de oito a 10 por cento da população; não é não querer alinhar com os apelos crescentes à contenção de despesas, ao apertar do cinto?
Por que não promover antes a recuperação das aldeias abandonadas do interior e levar para lá os portugueses a passar férias, nas Beiras ou em Trás-os-Montes?
Por que não recordar que há pequenas residenciais nos concelhos de Mortágua ou de Vale de Cambra ou de Arganil que oferecem dormidas a 19, a 25 euros ou a 27 euros, mais de acordo com a capacidade pecuniária de uma grande parte do país?
Portugal está em profunda crise, há muito mais de dois anos, está endividado, com a corda na garganta, pelo que soa a crime de lesa Pátria surgirem por vezes agências a fazer publicidade a um "Perú fascinante"; a um "Perú mítico". A uma Austrália; a uma Nova Zelândia.
Só quando todos se compenetrarem da extrema gravidade da situação que é a nossa desde 2010/2011 é que este país se poderá salvar.
Se assim não for, oito, nove ou 10 por cento da população viverá num mundo de sonho e os restantes 90 por cento num mundo de pesadelo, deixando-se morrer à fome nas suas casas, à míngua de alimentos ou de dinheiro para pagar as dívidas. Ou talvez, até mesmo, suicidando-se. Jorge Heitor
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