segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Nós não somos Hollywood

"Aquilo não tem nada a ver connosco!", reconhecia ontem, fascinado, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, ao falar na TVI sobre a entrega dos Óscares do cinema norte-americano e ao manifestar o desejo de um dia assistir em directo a essa cerimónia. Claro que não tem nada a ver connosco. E se não tem nada a ver não se justifica ir lá nem assistir pela televisão. É um mundo de fantasia, fechado em si mesmo, nos valores da América do Norte. Aquelas pessoas que ali se juntam, desfilando pela tão falada passadeira vermelha, estão-se nas tintas para as dificuldades da Grécia, para a guerra na Ucrânia, para a dilacerada Líbia, para a guerra civil na Síria, para o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, para o Boko Haram, para as desastrosas chuvas de monção em terras asiáticas. Se eles só vivem para os seus vestidos, as suas luvas, as suas jóias, os seus smokings, nós não temos nada a ver com eles. Nós temos é que nos preocupar com uma Europa mais bem governada, mais equitativa, com a pacificação da Ucrânia, da Líbia e da Síria, não é com as festas que se fazem em Los Angeles, na Califórnia, do outro lado do Atlântico e da própria América do Norte. Basta de colonização mental, como aquela que sofremos há 60 ou 70 anos, subordinados aos valores de uma nação que se constituiu chacinando as nações ameríndias. "Aquilo não tem nada a ver connosco", os que aqui, na Europa, procuramos levar uma vida digna, com reformas justas, com menos desemprego. Portanto, não temos de passar horas e horas, na rádio e na televisão, a falar dos malditos Óscares, que são deles, os norte-americanos, os opressores dos apaches, sioux e outros ameríndios. Basta de viver subordinado aos valores dos Estados Unidos da América. JH 23 de Fevereiro de 2015

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