terça-feira, 11 de agosto de 2015
Fidel faz 89 anos
Todos os homens sonham, mas não sonham de igual modo. E um dos que mais sonhou, neste último século, foi Fidel Castro Ruz, de ascendência galega, oriundo de uma família que vivia no Noroeste da Península Ibérica e que a dada altura emigrou para Cuba, nas Caraíbas.
Fidel, que faz agora 89 anos, derrotou o ditador Fulgêncio Batista, enfrentou os Estados Unidos e libertou o povo cubano da subordinação ao grande vizinho norte-americano.
O galego, que vive da terra e do mar, a norte do rio Minho, é por natureza um sonhador, um homem que vai muito além do Cabo Finisterra e que leva a sua vivência ao resto do mundo.
"Galiza ficas sem homens que possam colher teu pão", escreveu a poetisa Rosalía de Castro, ao falar do grande drama da emigração, que só no ano de 1853 atirou com dois milhões de galegos para as Américas, devido à seca e à crise agrícola, que se fazia sentir naquela parte da Espanha.
Foi nessa Galiza devastada que em 4 de Dezembro de 1892 nasceu Angel Castro, pai de Fidel. E dela partiu, aos 20 anos, para ir combater pela Espanha, em Cuba, contra os norte-americanos.
Depois, em 13 de Agosto de 1926, às duas da manhã, no meio de um grande ciclone, nasceu Fidel Alejandro Castro Ruz: "Nasci guerrilheiro, porque nasci a meio da noite", contaria ele um dia a Frei Betto, sacerdote brasileiro.
Como a mãe não foi a esposa oficial do pai, María Louisa Argota, mas sim uma empregada da casa, Lina Ruz, Fidel desenvolveu desde pequeno um certo sentimento de clandestinidade, que o levaria a lutar contra os poderes instituídos e a procurar forjar uma cultura cubana totalmente nova, de que o mundo inteiro viesse a falar.
Filho espiritual de José Martí, herói da independência, Fidel nunca teve verdadeiramente uma fé religiosa, porque toda a sua força foi concentrada na aquisição de uma fé política, inabalável, que faria mover montanhas, até os Estados Unidos compreenderem, de uma vez por todas, que Cuba nunca se iria vergar aos seus intentos.
Dias depois de ter entrado na Havana, vencedor, depois dos anos de guerrilha, Fidel tinha uma aura equiparável à de Cristo. Ele era o Messias de um tempo novo, o herói de Sierra Maestra, o chefe que tantos iriam admirar, tanto na América Latina como na África e na Ásia.
Muito mais tarde, em Agosto e Setembro de 1975, Fidel enviou para Angola alguns dos mais importantes oficiais das suas Forças Armadas, de modo a que o MPLA não fosse derrotado pela FNLA, pela UNITA ou pela África do Sul. E quando chegou Novembro já não eram só oficiais, mas sim batalhões inteiros.
El Comandante assistiu à partida de barcos e barcos carregados de soldados, para que Angola fosse verdadeiramente independente e dirigida por António Agostinho Neto; e não por Holden Roberto ou por Jonas Malheiro Savimbi.
Na Primavera de 1977, Fidel Alejandro Castro Ruz fez uma viagem triunfal à Argélia, Líbia, Iémen do Sul, Somália, Etiópia, Tanzânia, Moçambique e Angola.
"Os sentimentos irão para além dos estreitos horizontes das fronteiras de um país", disse então "O Príncipe da Guerrilha", como lhe chamou Georgie Anne Geyer, num livro publicado em 1991 em Boston, Toronto e Londres.
Hoje em dia ele já não é mais o chefe formal de Cuba, devido à idade avançada; mas continua a reflectir sobre o que se passa pelo mundo fora e a publicar artigos sobre os principais problemas da humanidade.
Jorge Heitor
11 de Agosto 2015
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