quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Evocação de um dramaturgo de há 24 anos

"O hermafrodita colocou-se diante do espelho raro e a raridade suicidou-se.
Foi quando a janela aberta se apaixonou pelo espelho...foi então...foi então...- o poeta suicidou-se! (Tinha sido o espelho, evidentemente, a apixonar-se pela janela)"

Miguel Rovisco, Prémio Nacional de Teatro em 1986, com a Trilogia Portuguesa (que foi representada no Nacional), detentor de mais dois Prémios Garrett, suicidou-se em 1987, atirando-se para a frente de um comboio, em Belém, aos 27 anos. Deixou pelo menos 18 peças e oito cadernos de Poesia.
Mário Viegas idolatrava-o; o D. Maria II representou-o; o Teatro Experimental de Cascais dedicou-lhe a capa de um seu programa, quando dele representou A Lua Desconhecida; a Companhia Teatral do Chiado tem procurado que se lhe faça justiça. Mas o país, a generalidade do país, saberá quem foi este nome de peso na dramaturgia portuguesa das últimas décadas?
A obra do autor de Trilogia dos Heróis, O ano de 1641 e A Felicidade do Jovem Luciano foi em 2001 alvo de uma comunicação feita em São Paulo num congresso internacional da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Não deveria a Secretaria de Estado da Cultura promover a edição completa de todo o trabalho de Miguel Rovisco? Acho que sim.
Lia Gama, Zita Duarte, Santos Manuel, Marcantónio Del-Carlo, António Marques, João Vasco, Anna Paula, Carmen Dolores, Guida Maria, Irene Cruz, Isabel de Castro, Sérgio Silva e António Cerdeira foram alguns dos actores que tiveram o prazer de o representar, a esse dramaturgo tão novo e tão marcante, que disse: "Creio em Deus e em D. Quixote de La Mancha".

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