sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Guerra suja pelo Patriarcado de Lisboa

O que aconteceu com o padre José Nuno Ferreira da Silva e com a revista Visão foi um caso de bufaria e de falsa moralidade, visando impedir que determinada pessoa, no caso D. Carlos Azevedo, viesse eventualmente a ser cardeal patriarca de Lisboa. Quando o padre Ferreira da Silva, em 2010, foi à Nunciatura Apostólica dizer que, mais de 20 anos antes, o padre Carlos Azevedo se teria aproximado dele com intuitos sexuais, quando estava num Seminário Maior, a caminho de ser ele próprio sacerdote, mais não fez do que bloquear o caminho a uma pessoa que entretanto se tornara bispo e que tinha hipóteses de vir a ser o sucessor do cardeal D. José Policarpo à frente do Patriarcado. Quando agora a revista Visão decidiu desencantar a denúncia feita pelo padre José Nuno Ferreira da Silva, com mais de 20 anos de atraso, reforçou o bloqueio e ajudou as hipóteses dos outros possíveis candidatos à sucessão, como o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, e o de Leiria-Fátima, D. António Marto. Se o seminarista José Nuno Ferreira da Silva se sentiu incomodado, aos 19, 20 ou 21 anos, por ter tido uma abordagem menos correcta por parte do seu director espiritual, por que é que não se dirigiu logo nessa altura ao bispo da diocese onde estava? Ou quando muito, ao tornar-se padre, em 1989, aos 25 anos, não contou o caso à Conferência Episcopal, se achava que issso era assim tão importante? Não senhor. Esperou por finais de 2010, quando estava a chegar ao fim o ministério do cardeal patriarca e o Vaticano deveria designar um sucessor, havendo fundamentalmente dois nomes em cima da mesa: Carlos Azevedo e Manuel Clemente. Colocada perante este problema, a Santa Sé solicitou a D. José Policarpo que aguentasse mais dois anos, talvez à espera de que os ânimos acalmassem, para depois decidir com mais frieza e sem grande polémica. Quando os dois anos estavam a chegar ao fim, surge em cena a Visão, a dar a martelada final, para que D. Carlos Azevedo, de 59 anos, não viesse mesmo a ser Patriarca de Lisboa; e consequentemente cardeal. Estamos, aqui, perante um caso de homofobia e de guerrilha no seio da Santa Madre Igreja, para se decidir quem é que fica com um lugar muito cobiçado: o de sucessor de Manuel Gonçalves Cerejeira, de António Ribeiro e de José Policarpo. É disto que se trata, de luta de influências, de conflito de interesses, não de preocupação pelo facto de algum padre de 32 ou 33 anos ter um dia, supostamente, manifestado intuitos carnais em relação a um seminarista 11 anos mais novo; mas não menor. Não nos venham, pois, com falsas moralidades. (Até porque a Conferência Episcopal Portuguesa já sabia de há muito, e não só há dois ou três anos, de quais seriam as preferências afectivas ou sexuais do senhor D. Carlos Azevedo; sem que isso a incomodasse muito). JH

Sem comentários:

Enviar um comentário